segunda-feira, 15 de abril de 2013

Game of Thrones S03E02&3 - Dark Wings, Dark Words/Walk of Punishment

      É sempre complicado escrever sobre Game of Thrones porque eu não consigo avaliar o seriado por si só. Sendo fã incondicional de As Crônicas de Gelo e Fogo, eu digo se a série está boa ou não caso ela consiga retratar bem o que acontece no livro, seguindo o que os leitores imaginam quando leem a história original. Para mim, adaptação boa é adaptação fiel, e sempre vai ser assim. Já perdi as contas de quantas vezes entrei em discussões sobre "serem mídias diferentes" e "é uma adaptação, não uma cópia do livro", mas não interessa: quando lemos uma história, a tendência é dar vida ao que estamos lendo na nossa imaginação. Então, quando é anunciada uma adaptação da tal história, o que você espera? Que aquilo que você imaginou ganhe vida agora nas telas, sejam as de televisão ou cinema. E é frustrante quando isso não acontece, como a HBO vem fazendo desde a segunda temporada do seriado.
      Por esse motivo, não consegui escrever uma review decente de Dark Wings, Dark Words na semana passada. Review de seriado precisa avaliar o episódio como episódio mesmo, e tudo que eu conseguia avaliar era como a adaptação dos capítulos abordados mudou tanta coisa em relação ao livro, o que me frustrou e desanimou para escrever sobre ele. Perdi o tesão mesmo. Algumas passagens, como Sansa conversando com Olenna e Margaery Tyrell sobre Joffrey e as cenas de Jaime e Brienne, foram bem adaptadas e a HBO merece seu crédito positivo por elas. Mas a história de Bran Stark está derrotada desde a temporada passada. Não tenho nem o que falar dela, todos os adjetivos que me vem na cabeça são depreciativos demais. E isso meio que ofuscou o resto do episódio para mim.
      Mas esse terceiro capítulo de domingo (14) renovou minhas esperanças no seriado. Se no começo eu me encontrava tensa com as cenas em Correrrio (bem diferentes do que eu imaginei enquanto lia, salvo os momentos de Catelyn e Bryden "Peixe Negro" Tully conversando mais adiante no episódio), o desenrolar e, principalmente, o fim de Walk of Punishment fizeram valer a pena todas as dúvidas que eu tive sobre a fidelidade da HBO com a obra. Ocorreram mudanças e inovações no roteiro, lógico, mas se os erros ofuscaram o segundo episódio, os acertos ofuscaram o terceiro.
      A história de Jaime Lannister merece um tratamento especial. Enquanto esperava a estreia da terceira temporada de Game of Thrones, repeti várias vezes no Twitter para mim mesma e para quem quisesse ouvir que a HBO poderia "estragar" qualquer outra história, desde que não tocasse nas de Jaime e Arya Stark. E poderia mesmo - reclamo do desenrolar dos outros acontecimentos porque poucas coisas nessa vida são melhores do que reclamar. O roteiro de Arya sofreu mudanças, mas, felizmente, nenhuma delas foi drástica ao ponto de interferir na linha de acontecimentos da personagem no futuro da saga, como aconteceu com Bran e Daenerys. De fato, as mudanças implantadas pelos roteiristas enriqueceram ainda mais a saga de "Arry", se é que isso é possível.
      Com o roteiro de Jaime, porém, eu senti como se estivesse vendo o livro na televisão. A incerteza sobre o sucesso da adaptação de seus capítulos com a substituição do "querido" personagem Vargo Hoat, marcado no livro por seu problema de dicção (quem nunca leu suas falas em voz alta pelo menos uma vez e riu pronunciando "regifida" e "fafiras" que atire a primeira pedra) e suas atitudes sanguinárias, por um criado pelos roteiristas da série foi um tema bastante discutido em fóruns e fansites da saga antes da estreia da temporada. Sua aparição no final do segundo episódio me deixou ainda mais inquieta e um tanto quanto insatisfeita, mas tudo foi superado em Walk of Punishment. Na verdade, a única diferença entre esse personagem, chamado Locke, e o Vargo Hoat dos livros é sua fala perfeita. A cena final conseguiu surpreender até quem leu o livro e sabia o que estava por vir, de tão bem feita que foi. As atuações impecáveis também têm seu crédito.
      Muitos fãs reclamaram da falta que Daenerys Targaryen fez durante o segundo episódio, mas creio que tenham sido recompensados com sua aparição na noite passada. Com diálogos célebres ("Rhaegar lutou bravamente, Rhaegar lutou nobremente... e Rhaegar morreu") do livro que não foram deixados de fora e reviravoltas surpreendentes (ou não tanto assim para os leitores), como a venda de um de seus dragões em troca de um exército considerado invencível, os roteiristas estão acertando, pelo menos até agora, na história da Mãe dos Dragões. 
      Quanto a Jon you-must-be-Ned-Stark's-bastad Snow, ele tem aparecido tão pouco e tão rapidamente nos episódios até agora exibidos que fica difícil fazer uma avaliação decente. É esperar para ver o que a HBO pretende fazer com sua história, que não anda seguindo o mesmo caminho dos livros. Ou até anda, mas não como deveria. Queria falar sobre Theon Greyjoy, também, mas acho melhor deixar isso para semana que vem. O que eu tenho de relevante sobre ele provavelmente vai continuar sendo um tópico intrigante no próximo episódio, "And Now His Watch is Ended".
      Por fim, a HBO aparentemente recuperou sua cota de peitos expostos e violência/mortes gratuitas. Que venham episódios tão bons quanto Walk of Punishment!



sábado, 13 de abril de 2013

Glee S04E18 - Shooting Star

      Li sobre a polêmica que o episódio dessa quinta-feira (11) de Glee causou nos Estados Unidos antes de assistir ao tal episódio e confesso que achei desnecessário todo o burburinho. Com o irônico título de "Shooting Star", ele divide-se em duas main stories: na primeira parte, foca no boato espalhado pela personagem conhecida por suas burrices histórias mirabolantes, Brittany, de que um meteoro-asteroide-corpo-celeste-que-nem-ela-consegue-identificar está prestes a colidir com a Terra. Por isso, alguns personagens, pensando que a morte está próxima, começam a confessar alguns segredos que eles não querem deixar enterrados quando o fim do mundo chegar. Porém, pouco tempo depois, o boato tem fim quando Brittany anuncia que o tal meteoro era, na verdade, uma joaninha morta na lente do seu telescópio (que era, na verdade, uma lata de Pringles).
      A calmaria não dura muito. As coisas ficam sérias em uma segunda parte, quando uma arma dispara no colégio, causando pânico em todos. Após um segundo tiro, o professor Will Schuester fala para os membros do Glee Club, que estão, em sua maioria, confinados na sala do coral, esconderem-se onde puderem, enquanto, com a ajuda da treinadora do time de futebol, Beiste, também presente na sala, apaga as luzes, fecha as cortinas e improvisa um bloqueio para a porta. A partir daí, o tom do episódio muda. O terror contagia o espectador e as cenas que seguem são dignas de dramas conhecidos que tratam do tema, como os filmes Elefante e Precisamos Falar Sobre o Kevin. 
      Passagens como Brittany escondida no banheiro feminino e Sam desesperado para sair da sala e ajudá-la enriquecem ainda mais o roteiro e cumprem bem o objetivo de provocar aflição. O ápice do drama é quando Artie resolve filmar os que seriam os últimos depoimentos deles, para que, caso o pior acontecesse, alguém encontrasse o celular e suas mensagens pudessem ser ouvidas. Para mim, essa cena valeu todas as últimas temporadas de Glee.



      Enfim, tudo muito angustiante e perturbador, até que as coisas acalmam e o desfecho é triste e até consegue surpreender. Agora vamos à polêmica: em dezembro de 2012, 26 pessoas, entre elas 20 crianças, foram mortas por um atirador numa escola em Connecticut. As famílias de algumas das vítimas criticaram o novo episódio de Glee por acharem "cedo demais" para a abordagem do tema em uma série de TV, e foram apoiadas por críticos no mundo todo. Além disso, reclamaram que "não foram avisados pela Fox que um episódio com tal tema seria exibido". A "falta de tato" de Ryan Murphy, criador, produtor e um dos roteiristas da série, é o assunto do mundo televisivo desde a última quinta-feira.
      Agora vem minha opinião: em momento algum do episódio se faz qualquer referência ao massacre da escola Sandy Hook que, convenhamos, não é o primeiro desses casos e nem será o último. Ryan Murphy já exibiu cenas baseadas em tiroteios nas escolas na primeira temporada de outra série sua, American Horror Story, e essa sim foi de "mal gosto" (ainda que bem feita e condizente com o roteiro do seriado em questão) e violenta. As cenas de Shooting Star são mais voltadas para o drama que os alunos passam ao ficarem confinados numa sala, sob ameaça de um atirador (spoiler: que nem existe. O plot twist em questão é esse: uma arma levada pela estudante Becky dispara acidentalmente, sem ninguém ficar ferido) e sem fazer ideia do que está acontecendo com o resto da escola. São cenas carregadas emocionalmente e não ofendem qualquer vítima de qualquer massacre escolar já ocorrido, nem fazem qualquer apologia à violência.
      Ryan Murphy não fez declarações sobre as críticas ainda. Seu único tweet sobre o episódio em questão foi no dia 03/04, no qual ele afirma que "Shooting Star é o episódio mais poderoso emocionalmente de Glee até agora". A atriz Lea Michele, estrela da série que não apareceu em cena essa semana, comentou em seu Twitter que o episódio foi "comovente e poderoso" e que a fez se sentir "orgulhosa por ser parte desse programa".
      Resumidamente: mimimi sem fundamento em volta do melhor episódio da atual temporada de Glee.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Game of Thrones S03E01 - Valar Dohaeris

      Depois de quase um ano em hiatus, volta a ser exibida Game of Thrones, uma das séries de maior sucesso do canal americano HBO no cenário televisivo atual. A adaptação para a TV da série literária recordista de vendas As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, iniciou sua terceira temporada já em grande estilo: o episódio, que foi ao ar no último domingo, 31 de março, foi o mais visto da produção até agora, contando com 4,4 milhões de espectadores em sua primeira exibição e 6,7 milhões em suas duas reprises, no mesmo dia. 
      As expectativas para o ano 3 de Game of Thrones são enormes, principalmente por parte dos leitores: A Tormenta de Espadas é considerado o melhor livro da saga de George R. R. Martin até o momento. Com acontecimentos que prometem chocar a parcela do público que ainda não tem conhecimento do desfecho trágico de alguns personagens queridos, essa temporada tem tudo para ser a melhor até agora.
      Para os leitores mais fiéis da saga, é difícil dispensar as comparações Seriado x Livro. Compreende-se que a adaptação de livros recheados de narrativas bastante detalhistas e, em alguns momentos, lentas não é uma tarefa fácil para os produtores e roteiristas de uma série, já que a reprodução para a TV exige uma moldagem específica que atraia o público. Substituem-se, então, histórias de personagens que no livro não são tão emocionantes por novos plotlines criados especialmente para a versão televisiva, como foi o caso da personagem Daenerys Targaryen durante a segunda temporada de Game of Thrones, exibida no ano passado.
      Felizmente para aqueles mais exigentes no quesito adaptação, como eu, a terceira temporada iniciou a reprodução do terceiro livro, A Tormenta de Espadas, de maneira quase que completamente fiel. Entretanto, mudanças dispensáveis na história de personagens novos como Qyburn, encontrado moribundo nas ruínas de Harrenhal por Robb Stark (o que não acontece na versão literária), e antigos, como o ex-cavaleiro da Guarda Real Sor Barristan Selmy (que, no livro, só tem sua identidade descoberta por Daenerys ao final do volume), são observadas e mexem com a curiosidade dos leitores que se perguntam o que diabos a HBO planeja fazer com a história dessa vez. 
      O episódio, focado principalmente na capital de Westeros, Porto Real, e na cidade de Astapor, em Essos, trouxe de volta personagens adorados pela audiência, como Tyrion Lannister e Jon Snow, mas também deixou quem esperava rever Arya Stark, outra queridinha dos fãs, decepcionado: depois de  ela ter escapado dos domínios de Harrenhal na companhia de Gendry e Torta Quente no fim da segunda temporada, os chamados não-leitores ficaram curiosos para saber que caminho a imprevisível filha do burro honrado Ned Stark (que os Sete o tenham) tomaria. Porém, como divulgado no vídeo promocional do segundo episódio, Arya retornará somente no próximo domingo, bem como seus irmãos, Bran e Rickon.
      Com doses de humor provocadas pelo já conhecido sarcasmo de Tyrion, personagem que rendeu duas indicações e um prêmio Emmy a Peter Dinklage, entre outras estatuetas, e suspense equilibradas, o episódio deixou a desejar no quesito ação. O que, por se tratar de uma estreia de temporada, parece-me perfeitamente compreensível. As sempre presentes e quase sempre desnecessárias cenas de nudez, comuns nas produções da HBO, porém, não foram esquecidas. Isso com certeza ajudou a acalmar os nervos da parcela de maioria masculina da audiência que reclamou da "falta de sangue" no início da terceira temporada.
      A HBO conseguiu manter o nível de intrigas e reviravoltas do seriado que conquistou a audiência nos dois primeiros anos - prova disso são os estrondosos números marcando o público que assistiu ao primeiro episódio da terceira temporada. Os efeitos especiais permanecem impecáveis, não dando motivo para os mais exigentes reclamarem dos dragões ou lobos gigantes que são presença crucial na produção. É inegável que a responsabilidade da emissora com essa adaptação é enorme - resta ver se seu comprometimento e fidelidade com a história original também é. Ou será que podemos esperar mais mudanças bizarras que afetarão, querendo ou não, o futuro de alguns plotlines como aconteceu na segunda temporada?