quinta-feira, 23 de maio de 2013

Vicious

    O que falar dessa série que mal começou e eu já considero pacas?
    Desde 2006 com Skins, o humor britânico vem se fortalecendo entre os fãs de seriado com uma popularidade que só faz crescer. Passando por ótimas séries como Misfits, a injustamente cancelada Sirens e a muito recomendada Miranda, que eu nunca vi mas é bem popular lá fora, a bola da vez é do sitcom Vicious, dos mesmos produtores de Will & Grace.
    Estrelada por ninguém menos que Sir Ian McKellen, o Gandalf de Senhor dos Anéis e Magneto de X-Men, e Derek Jacobi, fera do teatro britânico que já fez participações em The Borgias e Doctor Who, a série ainda conta com Iwan Rheon, de Misfits e Game of Thrones, e Frances De La Tour, de Harry Potter. Sem brincadeira, essa é a melhor comédia da atualidade, na minha opinião, barrando qualquer seriado famosinho americano. A série fala de Freddie (McKellen) e Stuart (Jacobi), um casal aposentado vivendo uma vida pacata em Londres. A rotina deles é agitada quando Ash (Rheon) torna-se seu novo vizinho. Atraente e um tanto quanto estúpido, Ash vira objeto de curiosidade dos dois, o que gera muitas tiradas engraçadas na série.
    Além deles, há Violet, personagem de Frances, melhor amiga de Freddie e Stuart, solteirona convencida que é bastante atraente. Ela vive dando em cima de Ash e é constantemente a única pessoa que consegue intermediar as brigas do casal. Sim, eles brigam o tempo inteiro. Frases como "Suas costas estavam estralando tanto ontem à noite que eu pensei que você estava fazendo pipoca na cama" de Stuart para Freddie (uma piada com o fato de eles insultarem um ao outro de "velho" o tempo todo) e "É porque eu tenho que me contorcer nas posições mais absurdas para ficar o mais longe possível de você" em resposta são apenas um aperitivo da quantidade de piadas bem sacadas que envolvem todos os diálogos de Vicious
    Imagine uma série de comédia na qual TODAS as falas são engraçadas. Absolutamente todas conseguem arrancar risadas, ou até um simples sorriso. É Vicious. Essa é a sacada do humor britânico. Não há o desenvolvimento de uma piada em um contexto que só encontra a graça na punchline final (normalmente sucedida pelas gargalhadas do público ao fundo), como nos seriados americanos. O pessoal no UK preocupa-se com que todos os momentos sejam engraçados. E mesmo assim, as piadas não são previsíveis. É tudo genial. Além da comédia óbvia que por si só já vale a pena, o elenco é fantástico e os personagens principais são extremamente cativantes. É um pacote que não tem como dar errado.
    A única desvantagem é uma coisa com a qual os fãs de séries britânicas já estão acostumados: a quantidade de episódios por temporada. Estão previstos 6 episódios + um especial de natal para Vicious, sendo que quatro já foram exibidos. E, por ser um seriado com dois atores famosos e recorrentes (McKellen e Rheon, no momento comprometido com Game of Thrones) no elenco, suas chances de renovação são realmente baixas e ele não deve passar de uma minissérie. É um ótimo divertimento, porém, que vale muito a pena. E se tiver um fechamento decente, será melhor ainda.

Promo

Baixe a série aqui.

sábado, 4 de maio de 2013

Merlin

      Eu pensei mil vezes antes de escrever esse post. Depois, pensei mais uma vez. Não é uma review de um episódio em especial, mas sim de todo um seriado, um que significou bastante para mim durante três anos e teve seu fim em dezembro de 2012: Merlin, da BBC. Porém, só agora, quatro meses e dez dias depois, consegui encontrar a coragem para assistir aos dois últimos episódios da série. E me encontro devastada emocionalmente, ainda que satisfeita com o modo como foi encerrada.
      Era outubro de 2010 e fazia dois meses que eu havia entrado na rede social conhecida por formar as mais variadas fanbases de séries: o Tumblr. Em particular, de séries britânicas. Foi graças ao Tumblr que descobri seriados como Misfits, Skins, Sherlock, Sirens, e passei a assisti-los. Isso também aconteceu com Merlin. Ver vários gifs, vídeos e fotos do magricela com orelhas protuberantes espalhados pela minha dashboard despertou minha curiosidade e procurei saber mais sobre a série, para depois começar a baixá-la e me encontrar perdidamente apaixonada por ela.

A Série

      Merlin fala sobre a história do rei Arthur, com o diferencial de que ela é centrada no personagem conhecido como aquele velhinho mágico que ajuda o rei a governar. Não é só isso: nessa versão da história, o Merlin é jovem, acabou de chegar em Camelot e precisa aprender a dominar e aperfeiçoar sua magia, enquanto a esconde do rei Uther Pendragon, o pai de Arthur, que ainda é um príncipe mimadinho e metido. Uther, apesar de gentil e justo, tem tolerância zero por aqueles que possuem poderes mágicos, o que torna Camelot conhecida como território perigoso para os feiticeiros...


      ... para o azar de Merlin, que só descobre isso quando chega lá. Ele passa a viver com Gaius, o curandeiro real, que é, durante muito tempo, o único personagem a ter conhecimento da sua magia. Logo que chega em Camelot, ele arruma encrenca com Arthur, sem saber que se tratava do príncipe. Eles iniciam uma luta no mínimo ridícula e Merlin consegue escapar de ser morto usando seus poderes. A antipatia a primeira vista entre os dois é geralmente o momento que faz o público se apaixonar pela série. 
      Bem, o primeiro episódio vai passando e acaba que Merlin salva a vida de Arthur (a primeira vez de muitas) e termina tornando-se o servo pessoal dele. Aí a coisa começa a ficar boa. Eu assisti as duas temporadas que já haviam sido exibidas da série em uma semana e fiquei na espera da terceira. Nunca houve semana mais gloriosa que aquela.
      Com o passar das temporadas, a história vai amadurecendo e tomando forma, surgindo semelhanças com a história original do Rei Arthur e desencadeando o plot principal: um personagem anteriormente do bem se rebela contra a proibição da magia e declara guerra à Camelot, iniciando o melhor momento no seriado.

Os Personagens

      Merlin: interpretado por Colin Morgan, a criatura mais adorável que você vai ver na vida. 


      É cientificamente comprovado que quando Colin Morgan chora, fadas morrem, flores murcham e golfinhos viram purpurina. A ciência ainda não conseguiu explicar, porém, como esse homem consegue parecer um bebê em algumas horas e uma sexy beast em outras.

dayum

      Colin Morgan também tem as mais sensacionais maçãs do rosto já vistas (há controvérsias, porém, já que Benedict Cumberbatch, de Sherlock, também é um forte candidato a esse prêmio), os olhos mais azuis e as orelhas mais sexies da BBC. Agora sobre Merlin: é o personagem que dá título à série, então é, obviamente, o que recebe mais destaque. É a mente brilhante, também, compensando pelos vários momentos de burrice de Arthur.

      Arthur: sim, o príncipe-futuro-rei de Camelot é tenso de idiota. O que tem de bonito, tem de simplório. Talvez eu esteja exagerando, mas é isso mesmo nas primeiras temporadas. Mas ele até que leva jeito para governar. Os passatempos favoritos de Arthur se resumem em mandar em Merlin, atazanar o juízo de Merlin, bater em Merlin, mandar Merlin calar a boca, abusar sexualmente de Merlin e treinar com sua espada. Ah, e dar em cima das princesas que visitam o reino. Mas isso não dura muito. Um dia ele se aquieta. Arthur é interpretado por Bradley James, que foi o rei do meu coração por bastante tempo.

Gato, você é o rei Arthur? Então me mostra sua excalibur, seu lindo!

Você merece dois gifs seguidos sem motivo nenhum.


      Uther: rei de Camelot, pai de Arthur e simplesmente obcecado por combater a magia no reino. É interpretado por Anthony Head, aquele cara que fez Buffy. Não há muito o que falar sobre ele, tudo pode ser resumido com isso:


      Morgana: ninguém entende exatamente quem Morgana é no começo da série, mas depois fica claro que ela é a "protegida" de Uther. Eu pensava que isso era uma desculpa pra ele dar uns pegas nela, mas depois percebi que ela é mais uma filha de criação mesmo. A atriz que faz essa personagem é a Katie McGrath, que passou duas vezes pela fila da beleza mas resolveu ignorar a de boa atuação. 

Você tem sorte por ser tão linda que consegue ofuscar sua falta de talento pra atuar, sua linda!

      Gwen: diminutivo de Guinevere, essa aí é o contrário da Morgana: a atriz atua bem, mas não é tão bonita. Eu não a acho feia, mas tem um monte de gente que fica de mimimi dizendo que esperava uma Guinevere bem mais bonita. Quem interpreta é a Angel Coulby.

#chatiada com os haters

      Inexplicavelmente, porém, Gwen é a típica personagem piriquita-de-ouro: praticamente todos os personagens já foram a fim de dar uns catos nela menos Merlin, que só é a fim de dar uns catos no Arthur. Mas ela não é só um rostinho bonito não mesmo: Guinevere é bem badass e até salva o dia algumas vezes.

Levanta a cabeça e não se abala, princesa!! Manda beijo pro recalque que você que pega os atores gostosos da série

      Os Cavaleiros da Távola Redonda: Sir Leon, Sir Percival, Sir Gwaine, Sir Elyan e Sir Lancelot. Eles não se tornam cavaleiros até o fim da terceira temporada (olha o spoiler!), mas é mais fácil falar deles assim. Na verdade, eu vou deixar as imagens falarem por mim. Você ainda não encontrou motivos suficientes para ver Merlin? Calma que eu te dou alguns:

O verdadeiro motivo pelo qual assistimos Merlin

Leon, Percival e Gwaine: os mais queridos pela parcela da audiência com um mínimo de bom senso.

Anota aí pra jogar no Google depois: Tom Hopper, Adetomiwa Edun, Eoin Macken e Rupert Young. Tem também Santiago Cabrera, que é o Lancelot.

Esse é o Sir Leon. Ele é o cavaleiro mais antigo e mais leal a Arthur e aparece em meados da segunda temporada, tornando-se recorrente na terceira, para alegria geral da nação.

Tom Hopper interpreta Sir Percival, que pode ser bem resumido por esse gif. Ele é o único cavaleiro que não tem mangas na sua cota de malha, e todo mundo é eternamente grato por isso. Percival aparece na história bem do nada, como um amigo de Gwaine, e sua primeira e única função no seu episódio de estréia é usar sua força, bem representada por seus braços bem legais, para mover uma pedra no caminho de Arthur. Isso diz muito sobre ele.

Gwaine apareceu na terceira temporada e instantaneamente se tornou meu personagem favorito. Ele tem o cabelo mais bonito da série. Isso já é suficiente. 

Elyan é irmão da Gwen e é daqueles personagens que se dividem em apertável-cuti-cuti-coisa-mais-linda e BADASS MOTHERFUCKER CHUTADOR DE BUNDAS. Esse cara é 10.

Lancelot... Lancelot é sensacional. Não há palavras para descrevê-lo. É preciso assistir a série e ver do que estou falando. Lancelot causa um monte de discórdias. Ele também dá uns pegas na Gwen.

      Mordred: Mordred é um druida que aparece em Camelot e tem uma importância muito grande para o  desenrolar da história e para o Merlin descobrir mais sobre seus poderes. Ele aparece em dois momentos: no primeiro, é interpretado por Asa Butterfield, aquele amiguinho do Menino do Pijama Listrado também conhecido como Hugo Cabret.

Sou o ator mais famoso do elenco.

      Depois, ele tem um surto de crescimento muito bem explicado não e passa a ser interpretado pelo Alexander Vlahos, também conhecido como Vlavla, que foi uma grande adição ao elenco por motivos de:

Congratulations on growing up!

      Vlavla forma juntamente com Colin Morgan a dupla mais fofinha-apertável-quero-levar-pra-casa do seriado e já é motivo suficiente para assistir Merlin. 

oops

      No mais, temos Gaius, interpretado pelo Richard Wilson, no elenco principal. O elenco de apoio em vários episódios é recheado por atores famosos por outros seriados como Liam Cunningham, Mackenzie Cook, Joe Dempsie, Charles Dance (os quatro de Game of Thrones), Nathaniel Parker e Holliday Grainger. Além disso, John Hurt, o Olivaras de Harry Potter, faz a voz do dragão (sim, há dragões na série!).

O Homoerotic Subtext

      Cheguei no que chama mais atenção no seriado: o relacionamento entre Merlin e Arthur. Esses dois são tão adoráveis que seria impossível não enxergar algo além da amizade entre eles.


      Talvez seja a devoção de Merlin por Arthur, talvez seja o fato de que todo episódio um deles acaba salvando a vida do outro, depois de se preocupar desesperadamente com o futuro incerto dele, ou talvez seja simplesmente pelas implicâncias que eles têm entre si que nos fazem rir e ao mesmo tempo suspirar "awn" para a tela. Não se sabe como ou porque, mas Arthur e Merlin tornou-se o casal-não-casal favorito de muita gente apaixonada por seriados. O bromance deles é a peça chave para o sucesso da série, e isso é óbvio. Merlin carece de efeitos especiais decentes e seu roteiro, apesar de cativante, não poderia ser chamado de "um poço de ação". Na verdade, quem espera batalhas sangrentas dignas das outras produções medievais vai se decepcionar bastante. Há batalhas, lógico, mas as espadas permanecem limpinhas e é raro ver uma gota de sangue derramada, apesar de que quase todos os primeiros episódios tem execuções em praça pública por acusações de feitiçaria. Vai entender.
      O que se sabe é que Merlin é considerado um "programa para toda a família". É, inclusive, exibido pela HBO Family no Brasil. Os valores de amor e amizade entre os personagens são ressaltados o tempo inteiro, mas é lógico que muita gente enxerga além disso. Merlin e Arthur são o que prende o público, são a alma e o coração da série. São dois lados de uma mesma moeda, um é o destino do outro, como sempre é ressaltado por Kilgharrah, o dragão filósofo da história. Os dois são hétero: arrumam interesses amorosos ao longo da história e um deles até casa. Mas quem liga pra isso? Ser shipper de "Merthur" é muito mais gostoso.


Reflexões Pós-Fim da Série

      Consegui chegar ao fim do post sem soltar muitos spoilers, e isso é uma grande conquista. A verdade é que eu quero, com isso aqui, fazer todo mundo se interessar em assistir Merlin, e contar o que acontece na história não ajuda a fazer isso. Ser fã de Merlin é uma delícia. É uma série leve, com muito humor, e ao mesmo tempo é dramática. Já perdi as contas de quantas vezes chorei com ela. A história consegue prender e surpreender quem assiste.
      Após cinco temporadas, Merlin chegou ao fim. Eu chorei bastante e ainda me encontro destruída por dentro. Acho que esperei tanto tempo para assistir ao final porque sabia que não estava preparada para dizer adeus. É uma parte de mim que se vai com essa série, e o que fica é a certeza de que todos os momentos em que eu pensei em parar de assistir, seja pelos efeitos bem fracos ou pelo roteiro tornando-se previsível, serviram para fortalecer a ideia de que Merlin é, com toda a certeza, uma das melhores séries que eu já assisti e definitivamente vai fazer parte do que eu vou mostrar aos meus futuros filhos.
      Um dos critérios que eu mais levo em consideração na hora de me apegar a uma série é como ela trata seus personagens. Já cansei de assistir seriados muito bons em questão de ação, lutas, bombas, derramamento de sangue, roteiro e tudo o mais, mas que não tratavam da conexão entre os personagens e da formação de seus caráteres ao longo das temporadas. Se Merlin peca em efeitos (como todas as séries da BBC), compensa nesse aspecto. Nunca foi tão fácil para mim me apegar a uma série como foi com Merlin três anos atrás, nunca foi tão fácil dizer "eu amo esses personagens" e chorar quando eles choram, e rir quando eles riem. Sabe quando eu disse lá em cima que quando Colin Morgan chora, coisas ruins acontecem? É porque ele é um ator tão sensacional que inevitavelmente passa as mais variadas emoções para quem o assiste. 
      Os atores, com a exceção ainda que tolerável de Katie McGrath, são fantásticos. Colin Morgan venceu em 2012 o National Television Awards de Melhor Ator pela série, que já foi indicada a vários outros prêmios. O Youtube está recheado de vídeos de Diários de Filmagem (Merlin Cast Diaries), que mostram os atores numa sintonia perfeita. É uma série ótima para assistir, para rir e chorar junto, que cativa e que, com certeza, deixou saudades após seu fim.


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Game of Thrones S03E02&3 - Dark Wings, Dark Words/Walk of Punishment

      É sempre complicado escrever sobre Game of Thrones porque eu não consigo avaliar o seriado por si só. Sendo fã incondicional de As Crônicas de Gelo e Fogo, eu digo se a série está boa ou não caso ela consiga retratar bem o que acontece no livro, seguindo o que os leitores imaginam quando leem a história original. Para mim, adaptação boa é adaptação fiel, e sempre vai ser assim. Já perdi as contas de quantas vezes entrei em discussões sobre "serem mídias diferentes" e "é uma adaptação, não uma cópia do livro", mas não interessa: quando lemos uma história, a tendência é dar vida ao que estamos lendo na nossa imaginação. Então, quando é anunciada uma adaptação da tal história, o que você espera? Que aquilo que você imaginou ganhe vida agora nas telas, sejam as de televisão ou cinema. E é frustrante quando isso não acontece, como a HBO vem fazendo desde a segunda temporada do seriado.
      Por esse motivo, não consegui escrever uma review decente de Dark Wings, Dark Words na semana passada. Review de seriado precisa avaliar o episódio como episódio mesmo, e tudo que eu conseguia avaliar era como a adaptação dos capítulos abordados mudou tanta coisa em relação ao livro, o que me frustrou e desanimou para escrever sobre ele. Perdi o tesão mesmo. Algumas passagens, como Sansa conversando com Olenna e Margaery Tyrell sobre Joffrey e as cenas de Jaime e Brienne, foram bem adaptadas e a HBO merece seu crédito positivo por elas. Mas a história de Bran Stark está derrotada desde a temporada passada. Não tenho nem o que falar dela, todos os adjetivos que me vem na cabeça são depreciativos demais. E isso meio que ofuscou o resto do episódio para mim.
      Mas esse terceiro capítulo de domingo (14) renovou minhas esperanças no seriado. Se no começo eu me encontrava tensa com as cenas em Correrrio (bem diferentes do que eu imaginei enquanto lia, salvo os momentos de Catelyn e Bryden "Peixe Negro" Tully conversando mais adiante no episódio), o desenrolar e, principalmente, o fim de Walk of Punishment fizeram valer a pena todas as dúvidas que eu tive sobre a fidelidade da HBO com a obra. Ocorreram mudanças e inovações no roteiro, lógico, mas se os erros ofuscaram o segundo episódio, os acertos ofuscaram o terceiro.
      A história de Jaime Lannister merece um tratamento especial. Enquanto esperava a estreia da terceira temporada de Game of Thrones, repeti várias vezes no Twitter para mim mesma e para quem quisesse ouvir que a HBO poderia "estragar" qualquer outra história, desde que não tocasse nas de Jaime e Arya Stark. E poderia mesmo - reclamo do desenrolar dos outros acontecimentos porque poucas coisas nessa vida são melhores do que reclamar. O roteiro de Arya sofreu mudanças, mas, felizmente, nenhuma delas foi drástica ao ponto de interferir na linha de acontecimentos da personagem no futuro da saga, como aconteceu com Bran e Daenerys. De fato, as mudanças implantadas pelos roteiristas enriqueceram ainda mais a saga de "Arry", se é que isso é possível.
      Com o roteiro de Jaime, porém, eu senti como se estivesse vendo o livro na televisão. A incerteza sobre o sucesso da adaptação de seus capítulos com a substituição do "querido" personagem Vargo Hoat, marcado no livro por seu problema de dicção (quem nunca leu suas falas em voz alta pelo menos uma vez e riu pronunciando "regifida" e "fafiras" que atire a primeira pedra) e suas atitudes sanguinárias, por um criado pelos roteiristas da série foi um tema bastante discutido em fóruns e fansites da saga antes da estreia da temporada. Sua aparição no final do segundo episódio me deixou ainda mais inquieta e um tanto quanto insatisfeita, mas tudo foi superado em Walk of Punishment. Na verdade, a única diferença entre esse personagem, chamado Locke, e o Vargo Hoat dos livros é sua fala perfeita. A cena final conseguiu surpreender até quem leu o livro e sabia o que estava por vir, de tão bem feita que foi. As atuações impecáveis também têm seu crédito.
      Muitos fãs reclamaram da falta que Daenerys Targaryen fez durante o segundo episódio, mas creio que tenham sido recompensados com sua aparição na noite passada. Com diálogos célebres ("Rhaegar lutou bravamente, Rhaegar lutou nobremente... e Rhaegar morreu") do livro que não foram deixados de fora e reviravoltas surpreendentes (ou não tanto assim para os leitores), como a venda de um de seus dragões em troca de um exército considerado invencível, os roteiristas estão acertando, pelo menos até agora, na história da Mãe dos Dragões. 
      Quanto a Jon you-must-be-Ned-Stark's-bastad Snow, ele tem aparecido tão pouco e tão rapidamente nos episódios até agora exibidos que fica difícil fazer uma avaliação decente. É esperar para ver o que a HBO pretende fazer com sua história, que não anda seguindo o mesmo caminho dos livros. Ou até anda, mas não como deveria. Queria falar sobre Theon Greyjoy, também, mas acho melhor deixar isso para semana que vem. O que eu tenho de relevante sobre ele provavelmente vai continuar sendo um tópico intrigante no próximo episódio, "And Now His Watch is Ended".
      Por fim, a HBO aparentemente recuperou sua cota de peitos expostos e violência/mortes gratuitas. Que venham episódios tão bons quanto Walk of Punishment!



sábado, 13 de abril de 2013

Glee S04E18 - Shooting Star

      Li sobre a polêmica que o episódio dessa quinta-feira (11) de Glee causou nos Estados Unidos antes de assistir ao tal episódio e confesso que achei desnecessário todo o burburinho. Com o irônico título de "Shooting Star", ele divide-se em duas main stories: na primeira parte, foca no boato espalhado pela personagem conhecida por suas burrices histórias mirabolantes, Brittany, de que um meteoro-asteroide-corpo-celeste-que-nem-ela-consegue-identificar está prestes a colidir com a Terra. Por isso, alguns personagens, pensando que a morte está próxima, começam a confessar alguns segredos que eles não querem deixar enterrados quando o fim do mundo chegar. Porém, pouco tempo depois, o boato tem fim quando Brittany anuncia que o tal meteoro era, na verdade, uma joaninha morta na lente do seu telescópio (que era, na verdade, uma lata de Pringles).
      A calmaria não dura muito. As coisas ficam sérias em uma segunda parte, quando uma arma dispara no colégio, causando pânico em todos. Após um segundo tiro, o professor Will Schuester fala para os membros do Glee Club, que estão, em sua maioria, confinados na sala do coral, esconderem-se onde puderem, enquanto, com a ajuda da treinadora do time de futebol, Beiste, também presente na sala, apaga as luzes, fecha as cortinas e improvisa um bloqueio para a porta. A partir daí, o tom do episódio muda. O terror contagia o espectador e as cenas que seguem são dignas de dramas conhecidos que tratam do tema, como os filmes Elefante e Precisamos Falar Sobre o Kevin. 
      Passagens como Brittany escondida no banheiro feminino e Sam desesperado para sair da sala e ajudá-la enriquecem ainda mais o roteiro e cumprem bem o objetivo de provocar aflição. O ápice do drama é quando Artie resolve filmar os que seriam os últimos depoimentos deles, para que, caso o pior acontecesse, alguém encontrasse o celular e suas mensagens pudessem ser ouvidas. Para mim, essa cena valeu todas as últimas temporadas de Glee.



      Enfim, tudo muito angustiante e perturbador, até que as coisas acalmam e o desfecho é triste e até consegue surpreender. Agora vamos à polêmica: em dezembro de 2012, 26 pessoas, entre elas 20 crianças, foram mortas por um atirador numa escola em Connecticut. As famílias de algumas das vítimas criticaram o novo episódio de Glee por acharem "cedo demais" para a abordagem do tema em uma série de TV, e foram apoiadas por críticos no mundo todo. Além disso, reclamaram que "não foram avisados pela Fox que um episódio com tal tema seria exibido". A "falta de tato" de Ryan Murphy, criador, produtor e um dos roteiristas da série, é o assunto do mundo televisivo desde a última quinta-feira.
      Agora vem minha opinião: em momento algum do episódio se faz qualquer referência ao massacre da escola Sandy Hook que, convenhamos, não é o primeiro desses casos e nem será o último. Ryan Murphy já exibiu cenas baseadas em tiroteios nas escolas na primeira temporada de outra série sua, American Horror Story, e essa sim foi de "mal gosto" (ainda que bem feita e condizente com o roteiro do seriado em questão) e violenta. As cenas de Shooting Star são mais voltadas para o drama que os alunos passam ao ficarem confinados numa sala, sob ameaça de um atirador (spoiler: que nem existe. O plot twist em questão é esse: uma arma levada pela estudante Becky dispara acidentalmente, sem ninguém ficar ferido) e sem fazer ideia do que está acontecendo com o resto da escola. São cenas carregadas emocionalmente e não ofendem qualquer vítima de qualquer massacre escolar já ocorrido, nem fazem qualquer apologia à violência.
      Ryan Murphy não fez declarações sobre as críticas ainda. Seu único tweet sobre o episódio em questão foi no dia 03/04, no qual ele afirma que "Shooting Star é o episódio mais poderoso emocionalmente de Glee até agora". A atriz Lea Michele, estrela da série que não apareceu em cena essa semana, comentou em seu Twitter que o episódio foi "comovente e poderoso" e que a fez se sentir "orgulhosa por ser parte desse programa".
      Resumidamente: mimimi sem fundamento em volta do melhor episódio da atual temporada de Glee.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Game of Thrones S03E01 - Valar Dohaeris

      Depois de quase um ano em hiatus, volta a ser exibida Game of Thrones, uma das séries de maior sucesso do canal americano HBO no cenário televisivo atual. A adaptação para a TV da série literária recordista de vendas As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, iniciou sua terceira temporada já em grande estilo: o episódio, que foi ao ar no último domingo, 31 de março, foi o mais visto da produção até agora, contando com 4,4 milhões de espectadores em sua primeira exibição e 6,7 milhões em suas duas reprises, no mesmo dia. 
      As expectativas para o ano 3 de Game of Thrones são enormes, principalmente por parte dos leitores: A Tormenta de Espadas é considerado o melhor livro da saga de George R. R. Martin até o momento. Com acontecimentos que prometem chocar a parcela do público que ainda não tem conhecimento do desfecho trágico de alguns personagens queridos, essa temporada tem tudo para ser a melhor até agora.
      Para os leitores mais fiéis da saga, é difícil dispensar as comparações Seriado x Livro. Compreende-se que a adaptação de livros recheados de narrativas bastante detalhistas e, em alguns momentos, lentas não é uma tarefa fácil para os produtores e roteiristas de uma série, já que a reprodução para a TV exige uma moldagem específica que atraia o público. Substituem-se, então, histórias de personagens que no livro não são tão emocionantes por novos plotlines criados especialmente para a versão televisiva, como foi o caso da personagem Daenerys Targaryen durante a segunda temporada de Game of Thrones, exibida no ano passado.
      Felizmente para aqueles mais exigentes no quesito adaptação, como eu, a terceira temporada iniciou a reprodução do terceiro livro, A Tormenta de Espadas, de maneira quase que completamente fiel. Entretanto, mudanças dispensáveis na história de personagens novos como Qyburn, encontrado moribundo nas ruínas de Harrenhal por Robb Stark (o que não acontece na versão literária), e antigos, como o ex-cavaleiro da Guarda Real Sor Barristan Selmy (que, no livro, só tem sua identidade descoberta por Daenerys ao final do volume), são observadas e mexem com a curiosidade dos leitores que se perguntam o que diabos a HBO planeja fazer com a história dessa vez. 
      O episódio, focado principalmente na capital de Westeros, Porto Real, e na cidade de Astapor, em Essos, trouxe de volta personagens adorados pela audiência, como Tyrion Lannister e Jon Snow, mas também deixou quem esperava rever Arya Stark, outra queridinha dos fãs, decepcionado: depois de  ela ter escapado dos domínios de Harrenhal na companhia de Gendry e Torta Quente no fim da segunda temporada, os chamados não-leitores ficaram curiosos para saber que caminho a imprevisível filha do burro honrado Ned Stark (que os Sete o tenham) tomaria. Porém, como divulgado no vídeo promocional do segundo episódio, Arya retornará somente no próximo domingo, bem como seus irmãos, Bran e Rickon.
      Com doses de humor provocadas pelo já conhecido sarcasmo de Tyrion, personagem que rendeu duas indicações e um prêmio Emmy a Peter Dinklage, entre outras estatuetas, e suspense equilibradas, o episódio deixou a desejar no quesito ação. O que, por se tratar de uma estreia de temporada, parece-me perfeitamente compreensível. As sempre presentes e quase sempre desnecessárias cenas de nudez, comuns nas produções da HBO, porém, não foram esquecidas. Isso com certeza ajudou a acalmar os nervos da parcela de maioria masculina da audiência que reclamou da "falta de sangue" no início da terceira temporada.
      A HBO conseguiu manter o nível de intrigas e reviravoltas do seriado que conquistou a audiência nos dois primeiros anos - prova disso são os estrondosos números marcando o público que assistiu ao primeiro episódio da terceira temporada. Os efeitos especiais permanecem impecáveis, não dando motivo para os mais exigentes reclamarem dos dragões ou lobos gigantes que são presença crucial na produção. É inegável que a responsabilidade da emissora com essa adaptação é enorme - resta ver se seu comprometimento e fidelidade com a história original também é. Ou será que podemos esperar mais mudanças bizarras que afetarão, querendo ou não, o futuro de alguns plotlines como aconteceu na segunda temporada?